Up! - Em Altas Aventuras


Quantas vezes carregamos uma casa de recordações?


Quantas vezes carregamos o peso do passado e teimamos em não soltá-lo?




É exatamente sobre isso que o filme da Pixar fala. Uma animação incrível, sutil e densa ao mesmo tempo, e que consegue transmitir um conteúdo avassalador em pouco mais de uma hora.


“Up!” nos ensina que muitas vezes temos que deixar de lado o passado, porque ele nos impede de seguir adiante. Como o Sr. Fredericksen, carregamos uma casa de recordações - às vezes boas como a saudade de um ente querido ou lembranças de bons momentos e às vezes más, como mágoas, rancores e invejas – que limitam nosso caminhar e nos impedem de viver novas aventuras, de dar continuidade a vida.


Enfim, deixemos a vida seguir seu rumo, que naturalmente o passado encontra seu lugar, assim como a casa do Sr. Fredericksen terminou em cima da cachoeira.

Saltando...

Muitas vezes, quando vamos tomar uma grande decisão, a sensatez faz com que nos certifiquemos se não estamos dando um passo maior do que nossas pernas. Pensamos no lado financeiro, emocional, familiar, etc. Colocamos tudo numa espécie de linha reta para saber se temos impulso para saltar. E então, se acharmos que dá pra encarar, lá vamos nós...

Não posso negar que já dei passos largos em minha vida, quase saltos. E, até pouco tempo, não havia parado para pensar sobre as reais conseqüências de um salto.

Um salto exige muito fôlego, fazendo com que falte o fôlego para os pequenos passos. Parece simples, mas dificilmente pensamos dessa maneira. Impulsionados pelo desejo, damos o passo largo, cientes de que somos capazes de fazê-lo. Porém, o salto exige tanto de nós, que não temos força para os pequenos passos da vida, e são, justamente, os pequenos passos que estão no cotidiano.

Podemos exemplificar isso com uma pessoa que compra um carro. Ela sabe que as parcelas cabem no bolso e impulsionada pela cobiça compra-o. Depois de um tempo começa a faltar dinheiro para sair com a família, falta dinheiro para sair com os amigos, para fazer um curso importante. Enfim, o grande salto atrapalhou os pequenos passos.

Outro ponto a pensar é que quando se dá um salto, pulasse uma grande distância entre os passos, distância essa que muitas vezes era a base necessária para um salto mais qualitativo no futuro. Pegue por exemplo um atleta do salto em distância, ele tem um limite para realizar o salto, limite este indicado por uma marca na pista. Muitas vezes, na ânsia de saltar, o atleta vem na corrida e realiza o salto dois ou três passos antes da marca limite. Com isso, ele realiza o salto (afinal o importante na prova é saltar), porém o prioritário era dar os dois ou três passos faltantes, que qualificariam seu salto e fariam com que alcançasse uma distância maior.

Assim acontece em nossa vida também. Podemos exemplificar com um casamento. O jovem casal de namorados, com um ano de namoro resolve casar, afinal eles se amam e não conseguem ficar separados. Então vem o casamento e o salto é dado, porém os pequenos passos que ficaram para trás começam a fazer falta e falta diálogo ao casal, um perde a paciência com o outro facilmente e não há compreensão mútua.

Eu aprendi, nas aulas da vida, os perigos de ser dar um passo largo. Mesmo que minhas pernas permitam esse passo, hoje analiso bem melhor. E você?

São Thomé das Letras/MG

Esqueça os comentários maldosos sobre a cidade de pedra e faça uma visita assim que possível. Meu fim de semana na cidade mineira foi indescritível de tão bom.
Quando comentei que viajaria pra lá, logo me falaram mal da cidade, dizendo que só tem maconheiro e bêbado. E eu, logo de cara, quero esclarecer esse ponto.

Sim, muita gente faz a cabeça e chapa o côco em São Thomé, mas a vibe da cidade é diferente do que vemos por aí. O que quero dizer é que quem vai pra lá, vai apenas para curtir seu próprio barato e todo mundo fica numa boa. Não tem violência, não tem confusão, ninguém te oferece parada nenhuma. Pode ir de boa, que quanto a isso não há problema. Os cannabiens de lá não são como os “nóias” daqui.

Mas voltando a minha experiência do final de semana, o contato com a natureza é algo sublime. A exploração das cavernas e grutas te fazem pensar sobre o tempo, afinal quantos milhares de anos aquelas rochas estão ali, intactas. As cachoeiras purificam a alma a cada vez que a água gelada toca o corpo. A nascente do Sobradinho te mostra como tudo nasce puro e acaba se poluindo durante o caminho, analogia que pode ser aplicada também ao nosso coração.

A noite em São Thomé é um espetáculo a parte. Musica em todos os bares, cachaça da melhor qualidade e pessoas sempre dispostas ao bate-papo. Experimente passar a madrugada toda na pirâmide, tomando um vinho, participando de um lual e esperando o sol nascer. Indescritível.
Mas o melhor de tudo é a áurea da cidade. Toda a natureza, a altitude, as paisagens fazem a cabeça. Não há preocupação com o relógio ou internet. Não há a habitual correria da cidade.

Vá à São Thomé e faça a cabeça, você voltará de lá outra pessoa.

"Imutabilidade"











Somos educados para que, durante toda a vida, possamos assimilar mudanças, sejam elas: tecnológicas, profissionais, acadêmicas, emocionais, etc.

Somos condicionados a aceitar que as coisas mudam, mesmo que às vezes seja para pior. Eles nos dizem: “é normal”, “faz parte da vida”, “seja flexível” ou “a única constante da vida é a mudança”. Não há tempo para adaptação, não há fechamento para balanço, não permitem a maturação da nossa dor.

E na verdade, eles têm 90% de razão.

São poucas coisas na vida que não mudam, e é exatamente a essas poucas coisas que devemos dar valor. Muito valor.

Quem, durante a tempestade, nunca procurou abrigo?
Pra onde correr quando nada faz sentido?
Aonde se agarrar no momento de tribulação?

Tenho certeza que no seu mundo existe o imutável. Pode ser a família, alguns velhos amigos de infância, um lugar especial, Deus, música... São aqueles que te recebem de braços abertos, mesmo você tendo estado longe. É aquilo que te relembra suas origens, mesmo depois de tanta mutação. Os únicos pra quem você engole o orgulho a seco, abaixa a cabeça e assume os erros, envergonhado, porém feliz ao retornar.

E o que falar do reencontro, hein? A sensação de confiança, de retorno as origens, de segurança. A satisfação de saber que, neste mundo em constante mutação, temos um lugar onde podemos ser nós mesmos, um lugar onde podemos nos reencontrar. Não há melhor sensação.

Desse momento em diante, a “imutabilidade” muda sua visão e até nas pequenas coisas passamos a ver o imutável, como o mercadinho de esquina, que há 22 anos condiciona o queijo ralado na mesma prateleira; como aquele sorriso que há oito anos contagia da mesma maneira; ou como aquele grito de guerra que nunca deixará de abalar tua estrutura.

Cuide do seu abrigo, dê valor às pessoas importantes da sua vida. E sempre que precisarem, seja imutável para essas pessoas também.

Contramão

Lendo a coluna "Salada" da TRIP de setembro, compartilho dois itens curiosos, que me chamaram a atenção pela originalidade e principalmente pela aurea retrógrada e de contraponto ao modernismo.

O primeiro é um Case para Ipod Nano 4ª geração.

No formato de fita cassete, o apetrecho relembra a juventude de muitos de nós. Quem nunca teve um Walkman?

Este item vem do Canadá e é vendido pela bagatela de U$ 45,00.









O produto ao lado é uma espécie de Antienergético.

Na contramão do mercado, outra empresa Canadense lançou essa espécie de refrigerante com propriedades calmantes como camomila, teamina e passiflora.

Segundo a propaganda, entornar uma latinha de Slow Cow equivale a uma sessão de acumpuntura.

Caro x Raro

Texto retirado de Pilula Vermelha

Para quem acompanha o site, ou já estudou economia básica é claro o significado de “oferta e procura” (quanto mais houver algo menor será o seu valor).
A areia da praia é algo completamente abundante, portanto seu valor é baixo, igualmente é a água do mar. Porém nos últimos anos a água potável tornou-se relativamente escassa, fazendo com que seu preço em alguns lugares sejam comercializadas com preços maiores comparados ao petróleo. Em outras palavras é lucrativo que os produtos sejam escassos.

O importante é que convencer o consumidor que o produto está em falta, ou que é um produto especial por ser raro, deste modo poderá cobrar mais por este produto.
Bernard Liataer, designer do sistema monetário americano tratou o assunto da seguinte forma:

“ A ganância e a competição não são resultados de um temperamento humano imutável... a ambição e o medo da escassez estão de fato sendo continuamente criados e ampliados como resultados diretos do tipo de moeda que estamos usando... Nós podemos produzir mais do que o bastante para alimentar todos... mas é evidente que não existe dinheiro suficiente para pagar por tudo isso. A escassez está em nossas moedas nacionais. Na realidade, o papel do banco central é criar e manter a escassez monetária. A conseqüência direta é que temos de lutar uns com os outros para sobrevivermos.”

Todos os tipos de malefícios que possam ser estimulados através do dinheiro serão usados como forma de obtenção de lucro. Se é possível lucrar através da escassez gerada pela poluição ambiental, é criada um incentivo à indiferença ambiental.

Para o Sistema, é mais importante manter uma espécie rara e vendê-la a um custo alto. do que comercializar um produto abundante a um preço mixe. Assim os problemas realmente importantes serão deixados de lado até uma situação descontrolada, que enquanto não afetarem os negócios ou tornarem a ser lucrativos, ficarão fora de pauta eternamente.
A escassez aumenta a motivação para competição, gerando tribalismo antiético e primitivo com cada um por si, produzindo estresse humano, conflitos e enfermidades.

Autor: André Zanardo

A Última Gaveta

Um amor morto é triste. Um amor morrendo é mais triste ainda. Culpa da perseverante esperança.

A perseverante esperança tem duas caras. Um dia é porto seguro, noutro âncora. Pode ser motivo de alegria ou de tristeza. Ela nos cega, faz-nos lutar incessantemente e com toda a força, muitas vezes sem haver um ideal para defender.

What’s the point?
Enquanto temos esperança, temos consolo e expectativa. Ela toma as rédeas de nosso cabresto e, como cavalos, passamos a correr sem olhar para os lados, sem notar a força extraordinária que temos. O cavalo é muito mais forte que o homem e mesmo assim deixa-se dominar. Agimos da mesma forma em relação à esperança. Porém, na medida em que ela se esvai, nosso sofrimento começa a se acumular. E, em se tratando de sofrimento, não seria mais apropriada a injeção fatal, às doses homeopáticas?

Quando um amor começa a morrer, fica uma sensação pairando no ar, como se o invisível adentrasse o coração de cada um e arrancasse de lá todo o sentimento velado, aquilo que ambos querem externar, mas por respeito à sua história guardam para si. E guardam no mesmo compartimento em que a esperança está estocada. É sincronizado, não tem jeito, a esperança se esvai, o sofrimento vai acumulando e os sentimentos velados são botados pra fora. E daí para o desrespeito e a agressividade mutua, basta um passo.

Mas há uma saída para essa equação. Evite a última gaveta. Não acumule sofrimento depositando suas esperanças - ora vejam - na “esperança”. Externe esse sofrimento em forma de diálogo, com o objetivo de salvar a relação e não propriamente o relacionamento. É muito mais bonito o nascer de uma amizade que a morte de um amor.