A Última Gaveta

Um amor morto é triste. Um amor morrendo é mais triste ainda. Culpa da perseverante esperança.

A perseverante esperança tem duas caras. Um dia é porto seguro, noutro âncora. Pode ser motivo de alegria ou de tristeza. Ela nos cega, faz-nos lutar incessantemente e com toda a força, muitas vezes sem haver um ideal para defender.

What’s the point?
Enquanto temos esperança, temos consolo e expectativa. Ela toma as rédeas de nosso cabresto e, como cavalos, passamos a correr sem olhar para os lados, sem notar a força extraordinária que temos. O cavalo é muito mais forte que o homem e mesmo assim deixa-se dominar. Agimos da mesma forma em relação à esperança. Porém, na medida em que ela se esvai, nosso sofrimento começa a se acumular. E, em se tratando de sofrimento, não seria mais apropriada a injeção fatal, às doses homeopáticas?

Quando um amor começa a morrer, fica uma sensação pairando no ar, como se o invisível adentrasse o coração de cada um e arrancasse de lá todo o sentimento velado, aquilo que ambos querem externar, mas por respeito à sua história guardam para si. E guardam no mesmo compartimento em que a esperança está estocada. É sincronizado, não tem jeito, a esperança se esvai, o sofrimento vai acumulando e os sentimentos velados são botados pra fora. E daí para o desrespeito e a agressividade mutua, basta um passo.

Mas há uma saída para essa equação. Evite a última gaveta. Não acumule sofrimento depositando suas esperanças - ora vejam - na “esperança”. Externe esse sofrimento em forma de diálogo, com o objetivo de salvar a relação e não propriamente o relacionamento. É muito mais bonito o nascer de uma amizade que a morte de um amor.

1 comentários:

Mi Lucena disse...

Parabéns pelas postagens... elas passam um valor muito bonito!