O que esperar de Tico Santa Cruz na Fazenda?

A primeira vez que olhei a banda Detonautas com outros olhos foi quando assisti ao clipe da música “O Dia Que Não Terminou”. Até então a banda era apenas mais uma montada, formatada e direcionada para atingir o público adolescente com melodias fáceis e versos sem nexo – “Quando o sol se pôr, meu amor, onde você for / Ainda vou te levar pra outro lugar, além do sol e do mar...”- mas o clipe em questão retratava as terríveis histórias de acidentes de trânsito e o discurso da banda sobre o delicado tema parecia fugir do padrão existente na época.

A trágica morte do guitarrista Rodrigo Netto, após uma tentativa de assalto, acabou por ser um ponto de inflexão na carreira do Detonautas. A partir de então, surgiu o Tico Santa Cruz que me habituei a acompanhar: um cara culto, politizado, consciente das mazelas do povo brasileiro, incendiário, filosófico, blogueiro, ativista, por vezes muito coerente, por vezes porra louca, polêmico, birrento, colecionador de inimizades, enfim, um cara sem meio termo, daqueles que ou você gosta ou você odeia. A própria banda amadureceu demais e o disco seguinte “Psicodelia, Sexo, Amor e Distorção” mostrou grande evolução: seja musical, seja em termos de letras.

Ontem, cheguei da faculdade e no trajeto entre a sala e meu quarto, me deparei com a TV sintonizada no reality “A Fazenda”, da TV Record, e eis que um dos participantes era o polêmico vocalista. A primeira indagação que me surgiu – após a incredulidade inicial da cena - foi à razão do cara estar lá, apto a desempenhar, mais uma vez, o papel de fantoche das massas, servindo aos mesmos ventríloquos que ele tanto desdenha. Pensando aqui com meus botões, vejo três motivos até óbvios: 1) R$ 2 milhões; 2) A experiência que seu mestre e provavelmente conselheiro, Dourado, teve no BBB, a qual Tico acompanhou de perto; 3) O desafio, pois como ele próprio publicou em seu blog, não há nada a perder.

Porém a pergunta mais importante é a que dá titulo a esse post, e aí a resposta fica bem mais difícil. Tico parece ser bipolar, na maior parte do tempo transparece uma enorme tranqüilidade, paz de espírito, como se pudesse observar detalhadamente todo o ambiente e extrair a real intenção de cada ato, de cada palavra e de cada sorriso forçado das pessoas ao seu redor. Porém em determinados momentos, os demônios de Tico afloram e sua sagacidade, sua amargura, sua acidez tornam-se armas pesadas, às quais ele mesmo não consegue controlar e, talvez, nem o queira.

Enfim, acho que podemos esperar polêmica e ironia. Particularmente estarei torcendo pelo detonauta. Que ele controle cada demônio que hiberna em sua personalidade... Ou não!

1 comentários:

Vanessa Souza disse...

CRUZES!

Noti comentis!
rs!

Beijos!